A vida do Pato 2.0

segunda-feira, abril 16, 2007

Prólogo

A garota corria através dos becos tão rápido quanto suas forças e seus sapatos estragados permitiam. Eles continuavam a persegui-la. As paredes e prédios em volta pareciam se afunilar a cada passo e mostravam-se mais degradados pelo tempo e vandalismo.

A cada segundo, cada curva, cada passagem, ela sentia a aproximação deles. Suas pernas ardiam de tanto correr, ela atingia seu limite e sabia disso. Precisava pensar em algo para se livrar daquela perseguição e decidiu que sua melhor chance era encontrar seu carro e sair daquele bairro. Virou à direita em um cruzamento, à esquerda mais adiante. Onde diabos estava?

Estava perdida em um mar de prédios daquela parte decadente da cidade. Continuou correndo. Os homens aproximavam-se cada vez mais.

Seu coração quase parou quando, ao final de mais um corredor, ela avistou seu carro. Apalpou os bolsos a procura das chaves enquanto se aproximava, marchando. Olhou para trás e viu seus perseguidores surgirem à vista, eles corriam em seus uniformes sem demonstrar o menor sinal de fadiga.

A garota sentiu um frio subir-lhe a espinha. Encontrou as chaves. Destravou as portas e pulou dentro do veículo, um sedã médio de boa aparência. Ativou a ignição do motor, engatou a marcha e pisou fundo. Saiu queimando bastante borracha e virou à esquerda na avenida principal.

Deixou aquele bairro decadente para trás, pensando que nunca deveria ter vindo visitar aquele lugar. Precisava contar o que viu, e rápido.

Marcadores:

domingo, abril 01, 2007

Resquícios da sanidade

Saco cheio.

Vontade de dizer muitas coisas, também de não dizer nada. Sentindo-se perdido no mundo, sem rumo, sem objetivo, sem idéia, sem vontade. Turbilhões de sentimentos e pensamentos indo e vindo. Frustrações e angústias. Medo.

Às vezes com vontade de sumir, desaparecer. Sair sem avisar, não voltar nem dar notícia, ainda que esteja tão preso por valores tão mundanos. Agarrando-se à sanidade apenas por alguns sentimentos, uma mão enfraquecida e desesperada, ainda que tão doce e gentil, companheira.

Hesitação. Saudade. Desejo.

Marcadores: